segunda-feira, 16 de julho de 2007

Brasil desbanca Argentina na final...mais uma vez

- Um dia antes da esperada final entre brasileiros e argentinos, México e Uruguai disputaram o honroso terceiro lugar da competição. A equipe de Oscar Tabárez quis mostrar que não havia se abalado da derrota nos pênaltis para o Brasil e abriu o placar com Abreu. Mas o zagueiro Lugano, que errou o pênalti decisivo nas semifinais, deixaria o Uruguai novamente em uma situação delicada, sendo expulso ainda no primeiro tempo. O México mostrou quem é a terceira força do continente e virou o jogo, vencendo, no final, por 3 a 1. Terceira colocação merecida. Ontem, em Maracaibo, Brasil e Argentina decidiram o título da Copa América pela segunda vez consecutiva. E, para a infelicidade dos argentinos, a seca de títulos continua por mais alguns anos.

Favoritismo argentino? Até os 3 minutos e 51 segundos sim.
- O Brasil entrou em campo com uma modificação. Elano começou entre os titulares no lugar de Gilberto Silva, suspenso. A Argentina repetiu a escalação que goleou o México na semifinal, mantendo Tévez entre os titulares mesmo com o retorno de Crespo aos treinos, recuperado de lesão. Se o time argentino era cercado de muita confiança e favoritismo, a equipe brasileira era rodeada por dúvidas. Dúvidas que ruiriam em menos de quatro minutos, assim como a atmosfera e a expectativa positiva dos argentinos para o jogo. Vagner Love mostrou que também tem qualidade de marcação e roubou a posse de bola adversária no meio-campo. Elano recebeu pela direita e lançou Júlio Baptista, que corria em direção à área pelo lado esquerdo. Baptista ignorou a marcação de Ayala e acertou um chute certeiro, que deixou Abbondanzieri estático no meio do gol (na foto ao lado, Vagner, à esquerda, e Baptista comemoram o gol brasileiro: AP). O 1 a 0 certamente mudou o ambiente do jogo. A Argentina começou a entrar no jogo, ao seu modo, tranquila e à espera do momento certo de chegar ao gol brasileiro. Aos 8, Messi passou pela esquerda e cruzou. Verón ajeitou e Riquelme chutou forte, parando na trave esquerda de Doni. O Brasil respondeu com a mesma dose de perigo, em duas jogadas construídas por Maicon. Aos 16, ele arriscou de longe e Abbondanzieri quase deixou a bola entrar. Na sequência, o lateral da Internazionale passou como quis pela zaga argentina e cruzou rasteiro. Zanetti afastou quase em cima da linha. O jogo era de muito equilíbrio. A Argentina procurou jogar ao seu estilo, trabalhando a bola com calma no campo de ataque. O Brasil permaneceu atuando como nos outros jogos, marcando muito no meio-campo e procurando espaços para sair com velocidade para o ataque. Nada de brilhante. Mas o esquema de Dunga mostrou eficiência.

Anúncio de tragédia
- Aos 33 minutos, Elano saiu machucado de campo e deu lugar a Daniel Alves. Uma mudança forçada, mas que poderia reforçar o ataque brasileiro. A Argentina levou perigo aos 35. Tévez se enroscou com a zaga brasileira e, na sobra, Riquelme não conseguiu passar por Doni, que fez uma bela defesa. A zaga argentina conseguia conter os contragolpes brasileiros, mas sempre com uma amarga dose de emoção. Perto do fim do jogo, Gilberto cruzou da esquerda e Heinze por pouco não marcou contra. Aos 40, porém, a zaga argentina não desperdiçou a chance que teve e ampliou o marcador para o Brasil. Daniel Alves cruzou e Ayala tirou Abbondanzieri da jogada, mandando para o próprio gol. A Argentina falhou muito na primeira etapa e não conseguiu passar pela eficiente marcação rival. O Brasil surpreendeu, entrou confiante em campo e foi para o intervalo com uma confortável e até surpreendente vantagem de 2 a 0 no marcador.

Na sala de espera
- O segundo tempo teve poucas emoções. A Argentina jogava com cadência, tranquilidade, mas com muita ineficiência. Nem ao menos levou perigo ao gol de Doni. Na única vez que efetivamente conseguiu, chegou ao gol de forma ilegal, em impedimento, isso já no fim do jogo, quando o Brasil já vencia por 3 a 0. O jogo lento e amarrado era muito bom para o Brasil, que até se dava ao luxo de desperdiçar contra-ataques. Aos 8 minutos, Robinho apareceu livre pelo lado esquerdo, mas foi atrapalhado por Júlio Baptista, que saiu de sua posição de impedimento para tentar dominar a bola. Quem mostrou como se faz foi a dupla Vagner Love e Daniel Alves. O atacante do CSKA carregou a bola pelo meio e fez um passe excepcional para o lateral do Sevilla, que bateu cruzado e fez o terceiro gol brasileiro (foto acima: AFP). O Brasil ficou apenas esperando o fim do jogo para celebrar a oitava conquista do torneio. A Argentina sabia que ficaria à espera de uma conquista por mais algum tempo.

Receitas diferentes, resultados diferentes
- A Argentina apostou em Alfio Basile, que conquistou o último título argentino, exatamente a Copa América de 1993, dois anos antes da primeira conquista do treinador em sua primeira passagem pela equipe. Ele levou para a Venezuela um time experiente, repleto de craques, sem a preocupação de renovar a seleção argentina. O objetivo claro era conquistar a Copa América. O Brasil levou para a Venezuela um time renovado, com um técnico cuja carreira começara no ano passado, quando foi chamado pela CBF para dirigir a seleção. Mais uma decisão irracional dos diriegentes do futebol brasileiro? Parecia que sim, mas Dunga mostrou, com uma postura rígida, muito trabalho e competência que o Brasil seria recolocado no camnho das vitórias, depois do inesquecível fiasco da última Copa do Mundo. Foi duramente criticado, por escalar uma equipe mais preocupada em marcar e garantir o resultado do que jogar bonito e vencer por consequência do bom futebol. Mas ele se mostrou vitorioso, como nos tempos de capitão da seleção, se tornando o primeiro brasileiro a conquistar a Copa América como jogador e técnico (foto acima: Reuters). O Brasil ainda não resgatou a total confiança do torcedor. Ainda não joga um futebol genuinamente brasileiro. Mas mostra que o espírito competitivo permanece ao longo de cada torneio. Os argentinos podem explicar isso melhor do que qualquer comentarista esportivo...

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Argentina goleia e pega Brasil na final

- A Argentina, sem muitas dificuldades, passou pelo México na noite de ontem, em jogo valendo pelas semifinais. A final entre argentinos e brasileiros será a décima na história da Copa América. E os argentinos levam vantagem no confronto. São 8 títulos em cima dos rivais, contra apenas 1 do Brasil, conquistado exatamente em 2004. Já o México decidirá o terceiro lugar contra o Uruguai, no sábado.
- Os mexicanos estavam temerosos em perder o atacante Nery Castillo por contusão. Mas o atacante se recuperou da torção no joelho esquerdo a tempo e entrou em campo contra a Argentina. Quem ainda não se recuperou e talvez nem dispute a final é Crespo, goleador da Argentina. Depois da lesão na coxa sofrida no jogo contra a Colômbia, ainda na primeira fase, o atacante perdeu seu lugar na equipe titular. Diego Milito não vinha mostrando a mesma qualidade do antigo titular e deu lugar a Tévez, que, depois do ótimo segundo tempo contra o Peru, ganhou a posição de titular. O México começou jogando na defesa, esperando o time argentino e propondo sair com velocidade nos contra-ataques. Aos 9, Cacho recebeu na entrada da área, mas bateu por cima do gol de Abbondanzieri. A Argentina respondeu aos 12. Zanetti fez bela jogada pela direita, mas bateu mal, em cima do goleiro Sánchez. O jogo teve um certo equilíbrio na primeira etapa, muito pelo domínio da posse de bola pela Argentina, ineficiente com Riquelme bem marcado, muito pelas chegadas de perigo do México, que não aconteciam com tanta frequência. A Argentina atacava com muita lentidão e não conseguia envolver a zaga mexicana como nos outros jogos. Com Riquelme bem observado pelos volantes mexicanos, os argentinos não fizeram um bom primeiro tempo. O México, mesmo não encontrando uma equipe tão frágil na marcação como o Paraguai, observou uma certa insegurança na dupla de zaga Ayala e Gabriel Milito e até chegou com perigo ao gol adversário. Aos 35, Guardado recebeu pela esquerda, deixou dois marcadores no chão e acertou a trave esquerda do gol. A Argentina reagiu aos 41. Riquelme conseguiu sair da marcação e fez belo passe para Tévez, que entrava na grande área em diagonal. O atacante, porém, chutou nas mãos do goleiro. Aos 44, Riquelme partiu pelo meio e foi derrubado por Torrado. Na cobrança de falta, Heinze se antecipou ao goleiro e abriu o placar no estádio Polideportivo Cachamay, em Puerto Ordaz (foto acima: Reuters). Em jogada ensaiada, a Argentina conseguiu marcar um gol, que daria mais tranquilidade à equipe durante a partida. Aconteceu a mesma coisa na estréia dos argentinos, diante dos Estados Unidos. Um jogo complicado, de forte marcação, mas que foi mudado através de um gol de bola parada, uma arma que a Argentina tem sabido usar com eficiência.
- O técnico Hugo Sánchez colocou o México no ataque na segunda etapa. Ele tirou o atacante Cacho e colocou o também ofensivo Omar Bravo, e colocou o meia Medina no lugar de Torrado, um dos homens que vinha acompanhando Riquelme na marcação. Logo aos 9, o México mostrou que estava disposto a buscar o resultado. Castillo recebeu na grande área, mas chutou no travessão. Porém, a eficiente equipe da Argentina mostrou tranquilidade e, principalmente, muita qualidade no ataque. Aos 16, Tévez recebeu lançamento da esquerda, dominou e fez um ótimo passe para Messi, livre pelo lado direito. O atacante do Barcelona recebeu na grande área e colocou por cobertura, marcando um golaço (foto abaixo: Reuters). No minuto seguinte, Riquelme recebeu na entrada da área, mas foi travado por Magallón. A pressão inicial do México logo desapareceu com o jogo cadenciado e competente da argentina. Aos 19, Tévez foi bloqueado por Rafa Márquez e sofreu pênalti. Na cobrança, Riquelme bateu com muita categoria e ampliou o placar. Palacio ainda desperdiçou um gol incrível, aos 33 minutos, na porta do gol. O México desistiu de buscar o resultado e a Argentina manteve o jogo sob seu controle, garantindo a vaga para a final de domingo.
- Os argentinos têm jogado um futebol de primeira nesta Copa América. Mostram eficiência nas finalizações, sabem trabalhar a bola no meio-campo e são, até certo ponto, seguros na defesa. Não totalmente seguros, porque a zaga argentina não tem mostrado eficiência em jogadas de bola parada e em bolas enfiadas. Por ter vencido todas as partidas, até com certa facilidade, a Argentina chega para enfrentar o Brasil na condição de favorita ao título, que seria o 15° da história da seleção alviceleste. Porém, a equipe de Alfio Basile terá um Brasil diferente pela frente. O esquema armado por Dunga promete forte marcação no meio-campo, especialmente sobre Riquelme. E quando o meia do Boca Juniors, que pode voltar a Espanha para defender o Atlético de Madri, recebe uma marcação rígida, a Argentina não atua bem nesta competição. Os argentinos terão que ter o mesmo cuidado com Robinho, o melhor jogador desta Copa América. Messi já adiantou que a seleção argentina terá um jogo complicado contra o Brasil. Mas ele confia na qualidade da equipe e também disse que "o título está bem perto". Em jogo de Brasil e Argentina, porém, tudo pode acontecer. A final de 2004 mostrou muito bem como esse clássico pode ser imprevisível e cheio de supresas.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Nos pênaltis, no sufoco, o Brasil se classifica para a final

- Com a arbitragem do colombiana Oscar Ruiz, o Brasil enfrentou, em Maracaibo, a seleção do Uruguai, na busca por uma vaga na final. A seleção de Dunga entrou no gramado do estádio José Encarnación com a mesma equipe que massacrou o Chile. O Uruguai entrou com uma formação de três zagueiros, Lugano, Scotti e Rodríguez, mas com um apoio ofensivo forte pelo lado esquerdo, com as descidas de Fucile. No ataque, Recoba e Forlán. Além da moral obtida na goleada sobre os donos da casa, os uruguaios entraram com um bom retrospecto recente contra o Brasil. A última vitória brasileira no tempo normal foi na final da Copa América de 1999, 3 a 0. De lá pra cá, o resultado que mais tem se repetido é o empate. Na última Copa América, a seleção brasileira empatou por 1 a 1 com o Uruguai nas semifinais, mas venceu nas cobranças de pênalti. A partida da noite de ontem não seria muito diferente daquela anterior.

Blecaute defensivo
- O jogo começou com certo equilíbrio, nenhuma das equipes conseguia impor o seu ritmo, e com muita luta pela posse de bola no meio-campo. Era o jogo de duas boas defesas, que se recuperaram depois do fracasso na estréia. Mas o Brasil se mostrava ligeiramente melhor no ataque, conseguia trabalhar, mesmo que timidamente, a bola pelas laterais. E foi assim que a equipe de Dunga abriu o placar. Júlio Baptista avançou pela direita e rolou para a grande área. Vágner Love não dominou, Mineiro parou no goleiro Carini, mas Maicon conseguiu completar para o gol, aos 13 minutos (foto acima: AP). Dois minutos após o gol, quando o Brasil chegava com Robinho pela direita, o refletor do lado do ataque brasileiro se apagou. O árbitro Oscar Ruiz paralisou a partida por 13 minutos e decidiu que havia condições de jogo. O confronto ficou mais aberto, com o Uruguai mais presente no campo de ataque, mas ainda assim sem muita eficiência. O Brasil também não se comportava bem no ataque e tentava sair pelos contra-ataques. Aos 39, Baptista cobrou falta à direita do gol, porém o Uruguai chegaria com mais perigo dois minutos depois. Recoba foi busca a bola no meio-campo, passou por dois marcadores brasileiros e dividiu com a zaga. A bola sobrou limpa para Forlán, que dominou, na entrada da área, e chutou forte. Doni voou bonito e fez espetacular defesa com a mão direita. Aos 43, Recoba recebeu no lado esquerdo e chutou com força com a perna direita. Mas Doni fez nova importante intervenção. O Brasil deixou o Uruguai crescer na partida, fazendo um jogo muito burocrático e pouco empolgante. A seleção de Dunga responderia por duas vezes, com boas descidas de Maicon. No entanto, a seleção de Oscar Tabárez chegaria ao empate aos 49 minutos. Recoba cobrou escanteio fechado, para dentro da pequena área. A jogada que vinha sendo utilizada desde o começo da partida enfim deu certo. Doni se enroscou com a própria zaga brasileira e não conseguiu tirar o perigo como gostaria. A bola caiu no pé de Forlán, que dominou livre e chutou no canto esquerdo para igualar o marcador (foto ao lado: Reuters). Blecaute na zaga brasileira. Mas, para a sorte dos brasileiros, também faltaria energia na zaga adversária, ainda no primeiro tempo. Aos 53, Maicon fez uma bela cobrança de falta do lado direito, a bola passou por toda a zaga uruguaia e Baptista desviou para o gol, deixando o Brasil em vantagem. Três minutos depois, Vágner Love por pouco não ampliou, mas acabou, depois de driblar o golero Carini, chutando para fora.

Recuou, tem que rezar...para não sofrer gol
- Foi isso o que o Brasil fez na segunda etapa. Recuou, começou a assistir o jogo, abdicou do ataque e esperou o jogo passar, rezando para que o Uruguai não empatasse o jogo. A seleção de Dunga até começou o segundo tempo melhor, com mais controle do jogo. Mas logo o Uruguai tomou a iniciativa ofensiva e passou a dominar a partida. Não atacava com muita profundidade, apenas circundava a grande área brasileira, na busca de um espaço para atacar com mais ímpeto. O Brasil se mostrou tímido no ataque, não buscava tomar a bola adversária e sair com velocidade. Adotou a postura utilizada nas partidas anteriores às quartas-de-final: recuar para manter o resultado. E acabou pagando o preço por isso. O Uruguai foi modificado antes do início da segunda etapa. Recoba, não totalmente recuperado de lesão, e Rodríguez deram lugar a Abreu e González. Aos 24, o atacante Abreu empatou a partida novamente. Cristian Rodríguez, que não vinha jogando bem, passou pela esquerda e cruzou. Forlán desviou e Abreu apareceu pelo lado direito, para mandar para o gol. Com muita luta, muita persistência, os uruguaios chegaram ao merecido empate. Quando o Brasil quis acordar, já não dava mais tempo. Dunga colocou em campo Diego, e, mais tarde, Afonso Alves. Mas a postura pouco mudou. A partida terminou empatada e a vaga seria decidida em uma emocionante série de cobranças de pênalti.

Lugano, mais brasileiro do que nunca
- Na primeira rodada de penalidades, Robinho fez para o Brasil e Forlán bateu no meio do gol, facilitando a defesa de Doni. Depois, Juan e Gilberto Silva, Scotti e González converteram as suas cobranças. Chegou a vez de Afonso Alves, desconhecido do povo brasileiro, vice-artilheiro da última temporada européia: na trave. Cristian Rodríguez fez o dele e empatou a série. Diego e Abreu converteram as últimas cobranças, antes da série alternada. Fernando, também desconhecido, volante do Bordeaux: na trave. Pablo García, ex-jogador do Real Madrid que ajudou o Celta a cair para a segunda divisão, tinha em seu pé esquerdo a chance de levar o Uruguai para mais uma final, coisa que não acontece desde 1999. Mas ele bateu forte demais, acertando apena a trave direita. O lateral Gilberto fez para o Brasil e deixou toda a responsabilidade para Lugano, o mais brasileiro dos uruguaios. O zagueiro defendeu o São Paulo em uma passagem de muito sucesso. Ele conquistou um Campeonato Paulista, uma Taça Libertadores da América, além do título do Mundial Interclubes. Também atuou em parte da campanha do Brasileirão do ano passado, o qual o São Paulo também conquistou. Jogou por quase três anos pela equipe do Morumbi e deixou saudades. Ontem, ele tinha a chance de recolocar o Uruguai na final de uma competição continental. Ele bateu mal, no meio do gol e Doni defendeu mais uma vez (na foto acima, o desolado Lugano lamenta o erro na cobrança: AP). O goleiro brasileiro se adiantou bastante na penalidade, mas a arbitragem, que não vinha observando o posicionamento dos goleiros, preferiu não mandar voltar a cobrança, mesmo com a veemente reclamação dos uruguaios. O Brasil teve muitas dificuldades diante do Uruguai. Teve a corda no pescoço nas cobranças de pênalti, mas se mostrou mais eficiente nos momentos decisivos. Na noite de hoje, Argentina e México decidem a outra vaga para a final. O desfecho do torneio promete ainda mais emoção, principalmente se a Argentina passar para a final, repetindo a final de três anos atrás.

domingo, 8 de julho de 2007

Sábado de redenção

O acordar de um gigante
- Enfim o Uruguai mostrou porque é a seleção que, ao lado da Argentina, possui mais títulos da Copa América. A equipe de Oscar Tabárez jogou como grande diante da Venezuela e saiu do
Estádio Pueblo Novo, em San Cristóbal, com um bela goleada de 4 a 1. O primeiro tempo foi de equilíbrio, mas o Uruguai, com a qualidade do meio-campista Recoba, que pela primeira vez começou como titular, depois de se recuperar de contusão, soube se impor na partida. Aos 37 minutos, Forlán desencantou e abriu o placar pela primeira vez nesta Copa América. O Uruguai inteligentemente cobrou falta rápida de antes do círculo central, ao encontro do atacante. Ele dominou, invadiu a área e abriu o placar (na foto ao lado, Rodríguez - à esquerda, Fucile e Forlán comemoram o primeiro gol: Reuters) euforia pela equipe, inclusive pela comissão técnica. Mas a Venezuela encontrou o gol de empate ainda no primeiro tempo. Arango deu o ar da graça nesta Copa América e marcou para os venezuelanos, de falta. Porém, o futebol de muita garra e vigor uruguai. O gol foi comemorado com extremao estaria presente também na etapa final, para a infelicidade da torcida venezuelana. Aos 19, o volante Pablo García apareceu de trás, tabelou e acertou um chute certeiro, que entrou milimetricamente no ângulo esquerdo do gol. A vitória parcial do Uruguai silenciou a torcida local, que ainda esperava alguma reação da equipe anfitriã do torneio. Mas os uruguaios colocaram a Venezuela em seu lugar de costume, o de coadjuvante. No fim da partida, com a equipe adversária desorganizada defensivamente, a celeste transformou a vitória simples em goleada. Cristian Rodríguez e Forlán garantiram o Uruguai nas semifinais do torneio, para, novamente, enfrentar a seleção brasileira. Em 2004, o confronto contra o Brasil terminou em 1 a 1, mas a seleção canarinho levou a melhor nas cobranças de pênalti e se sagraria campeã do torneio. Desta vez, Forlán e companhia querem fazer o mesmo que Ghiggia e a celeste da Copa do Mundo de 1950: eliminar o Brasil e chegar ao título. São torneios diferentes, é verdade. Mas, para este Uruguai, uma vitória sobre o Brasil pode significar o renascimento de um antigo gigante do futebol mundial. Talvez essa equipe não carregue o mesmo brilho de outras décadas. Mas o futebol aguerrido e de muito vigor fez-se valer diante da Venezuela e dará trabalho para a seleção de Dunga.

O Chile no chinelo
- A expressão acima não é minha. O jornalista Antero Greco soltou-a na noite de ontem, ao falar sobre a impecável atuação brasileira diante do Chile. O trocadilho, marca dos comentários de Antero, é sonoro, engraçado, e ilustra muito bem o que foi a melhor partida do Brasil nesta Copa América. A seleção de Dunga começou a partida com a mesma formação que enfrentou o Equador, salvo a volta de Maicon ao time titular. O Chile entrou em campo desfalcado do meia Valdívia e com um escândalo que vai dar muito o que falar depois do término da competição. Na noite de quinta-feira, os jogadores chilenos comemoraram a classificação para as quartas-de-final de uma forma, no mínimo, reprovável. Como afirmam alguns jornalistas, cinco jogadores teriam bebido em excesso, causado confusão no restaurante do hotel, e até abusado de funcionárias do estabelecimento.
- O Brasil começou a partida jogando com certa cautela, mas definindo os lances com muita rapidez. Antes dos 10 minutos iniciais, Vágner Love chegou por duas vezes com perigo ao gol de Bravo. Seis minutos depois, Juan abriu o placar. Depois do escanteio do lado esquerdo, Maicon ajeitou na primeira trave e o zagueiro, que vai jogar na Roma, completou de cabeça (na foto acima, ele - no meio - comemora o primeiro da seleção: Reuters). A jogada ensaiada, levada muito a sério por Dunga e Jorginho nos treinamentos e deixada de lado na era Parreira, fez a diferença. Mas a seleção não ficou apenas nisso. Se nas vitórias brasileiras, apenas Robinho mostrou um futebol de qualidade, desta vez, todo o time brasileiro atuaria com muita competência. Os volantes se apresentavam bem ao ataque e a seleção atacava com velocidade, fluidez e eficiência. O Chile, seja pelo escândalo de dois dias antes ou não, marcava muito mal e, sem Valdívia, tinha pouca qualidade para mostrar no campo de ataque. Aos 22, Júlio Baptista ampliou o placar, depois de receber bola de Vágner Love e chutar forte no canto direito do gol. O jogador do Real Madrid também apresentou uma boa movimentação e se mostrou um jogador de muita utilidade para o ataque brasileiro. A seleção chilena, extasiada pela atuação brasileira, tentou partir para o ataque, mas esbarrou na falta de tranquilidade. Tranquilidade que Robinho teve de sobra para fazer 3 a 0, aos 28 minutos. Ele recebeu de Mineiro e chutou rasteiro, no canto direito, aproveitando a frágil e medíocre marcação chilena, que nem sequer cercava o ataque brasileiro. Os chilenos mostraram que havia outra equipe em campo aos 31 minutos, quando Mark González acertou o travessão, surpreendendo o goleiro Doni, mal posicionado.
- O técnico do Chile, Nelson Acosta, colocou Valdívia na segunda etapa, querendo ressuscitar a equipe chilena, que voltou com uma postura mais disciplinada e ofensiva para o jogo. Porém, o Brasil logo foi mostrando que as coisas estavam realmente difíceis para o Chile. Aos 5, Gilberto fez um excelente cruzamento da esquerda, Vágner Love não conseguiu desviar para o gol, mas Robinho apareceu a tempo para ampliar o marcador e fazer o sexto dele na competição, disparando na liderança dos artilheiros. O Chile bem que tentou reagir, mas esbarrou no goleiro Doni e na falta de pontaria. Já o Brasil esbanjou destreza ofensiva. Aos 23, Josué fez o quinto. Gilberto recebeu do volante do São Paulo e cruzou para a grande área. Afonso Alves, que havia entrado instantes antes no lugar de Robinho, parou no goleiro Bravo, mas Josué estava no lance para marcar o primeiro dele pela seleção, coroando uma belíssima atuação (foto ao lado: Reuters). Belo também foi o gol do Chile, que diminuiu o placar aos 30 minutos. Suazo recebeu de Valdívia, aplicou um lindo drible em Gilberto e marcou por cobertura, na jogada que envolveu os jogadores chilenos de maior talento. Falando em talento, Vágner Love provou que o possui. Ele conseguiu marcar o gol que tanto queria aos 39, depois de uma boa troca de passes com Elano, espantando a maré de azar que vinha acompanhando o jogador nesta competição.
- O Brasil enfim atuou como candidato a campeão, com uma apresentação que dá confiança para o confronto contra os uruguaios. A histórica goleada recolocou a equipe na posição de favorito à conquista da competição, marca que o time sustentou apenas antes do início da Copa América. A seleção jogou com muita eficiência, definindo os lances com velocidade e boa pontaria. O meio-campo conseguiu impor o seu ritmo de jogo e se defender muito bem, sufocando o adversário, roubando a bola e saindo com ímpeto para o campo de ataque. A boa movimentação também foi um ponto essencial para que o Brasil saísse com uma vitória tão contundente diante do Chile. Para vencer o Uruguai na terça-feira à noite, a seleção terá que jogar com a mesma inteligência e competência, fugindo da forte marcação da celeste e se protegendo da força ofensiva adversária.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Com time reserva, a Argentina termina como líder do grupo C

- As já eliminadas seleções da Colômbia e dos Estados Unidos se enfrentaram ontem, na última rodada do grupo C. Em um jogo de equipes eliminadas, a Colômbia se deu melhor e bateu os americanos pelo placar de 1 a 0. Castrillon começou entre os titulares, depois de ter entrado bem contra a Argentina, e marcou o único gol do jogo, aos 14 minutos do primeiro tempo. Zuñiga cruzou da direita e o atacante do Monterrey cabeceou forte no canto esquerdo do goleiro Keller (na foto ao lado, a equipe colombiana comemora o gol da vitória: Reuters). A Colômbia até poderia ter ampliado o placar aos 32 minutos, em pênalti sofrido por Rodallega. Mas Keller impediu o gol adversário. A partida poderia ter terminado de forma mais tranquila para os colombianos, mas não foi isso o que aconteceu. Aos 39, Beckerman concluiu para o gol e teria igualado o marcador, se não estivesse em posição de impedimento. Dois minutos depois, o goleiro Zapata tomou o segundo amarelo e deixou a Colômbia com um a menos. Sem poder fazer mais nenhuma substituição, o atacante Rodallega foi para o gol.
- Era esperada uma campanha melhor da Colômbia, uma seleção que sempre apresentou um futebol de muito vigor e disposição em outras oportunidades. Os americanos entraram na competição com jogadores jovens, para efeito de experiência. Mas as três derrotas na primeira fase mostraram a fragilidade da equipe treinada por Bob Bradley, quando atua sem os jogadores com experiência internacional.

Reservas = titulares
- A Argentina entrou em campo com oito reservas, apenas Abbondanzieri, Zanetti e Cambiasso foram os titulares que permaneceram na última rodada, mas, mesmo assim, venceu a também modificada seleção paraguaia e garantiram a primeira colocação do grupo C. Na equipe de Alfio Basile, o que mudou mesmo foram apenas os nomes dos titulares. O futebol eficiente, competente e o comportamento ofensivo continuaram os mesmos na partida da noite de ontem. A Argentina trabalhou sempre com a bola no pé, com muita paciência, e dominou o primeiro tempo, criando as melhores chances, sempre arriscando de fora da área. Na segunda etapa, com o placar relutante de 0 a 0, Alfio Basile colocou a seleção no ataque, lançando na partida Messi e Mascherano. O volante do Liverpool, que não possui características ofensivas tão evidentes, acabou decidindo a favor dos argentinos. Aos 33, Messi fez jogada pela direita e a zaga cortou. Na sobra, Mascherano dominou e colocou, com rara categoria, no canto esquerdo do goleiro Bobadilla (na foto acima, ele comemora seu primeiro gol pela seleção alviceleste: AP). Depois de duas chances desperdiçadas no poste do Paraguai, a Argentina enfim alcançou o gol da vitória e a liderança definitiva do grupo. Na próxima fase, a seleção tem o Peru pela frente, enquanto o Paraguai mede forças com a embalada seleção do México.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Rodada de "compadres"

- Jogos mornos, sem a disputa das duas rodadas iniciais, bastantes burocráticos. Foram assim as últimas partidas dos grupos A e B, nos dois últimos dias. No grupo dos anfritriões, a Venezuela, já classificada, fez o suficiente para apenas empatar com o Uruguai por 0 a 0. Como o resultado dava a classificação para as duas equipes, imagine, então, como foi a partida. Duas equipes jogando na defesa, cautelosas, especialmente o Uruguai, que nem pensava na possibilidade de perder a partida e a vaga como melhor terceiro colocado. O 0 a 0 foi bom para as duas equipes e classificou a Venezuela em primeiro. Quem não gostou muito foram os torcedores, que expressaram seu descontentamento por meio de contundentes e audíveis vaias. Mas as duas seleções terão a chance de se redimirem do tenebroso jogo de quarta-feira. Na próxima fase, o confronto se repete, pois o primeiro do grupo A enfrenta o segundo melhor terceiro, respectivamente, Venezuela e Uruguai. Nenhuma das duas equipes apresentou um futebol de semifinalista na primeira fase, porém, o fator casa pode beneficiar os venezuelanos. O Uruguai, se quiser mostrar um futebol ao menos eficiente e figurar entre os quatro melhores do torneio, terá que apresentar significativas mudanças, principalmente de comportamento dentro de campo.
- No mesmo grupo A, Peru e Bolívia se enfrentaram em Mérida, na única agradável desta última rodada. Ao Peru bastava apenas um empate, já para a Bolívia apenas a vitória manteria a equipe viva na competição. Claudio Pizarro, que jogará no Chelsea, salvou o Peru da eliminação, marcando dois gols importantes, e também também a sua reputação para com a imprensa, que o vinha criticando duramente por suas discretas atuações no torneio (na foto acima, ele celebra com vigor um de seus gols: Reuters). Depois de uma inesperada goleada sobre o Uruguai, uma derrota para a Venezuela e um empate com os bolivianos, a equipe de Julio Cesar Uribe se classificou em segundo, com 4 pontos, a mesma pontuação do Uruguai, que ficou atrás pelo saldo de gols - saldo de -2, contra o saldo positivo de 1 do Peru. Os bolivianos marcaram apenas dois pontos e deram adeus à competição. O que determinou a eliminação da equipe comandada por Erwin Sánchez foi a derrota para o Uruguai, equipe de qualidade bastante discutível. Enquanto os bolivianos lamentam a campanha ruim, o Peru tem muito com o que se preocupar. O adversário nas quartas-de-final será o primeiro colocado do grupo C (Paraguai e Argentina decidem a primeira posição na noite de hoje).
- No grupo B, onde as coisas já estavam bem definidas antes mesmo da última rodada, com o México já classificado e o Brasil enfrentando o quase eliminado Equador, as partidas foram de pura e clássica camaradagem. Na partida de 19h30, o México encarou o Chile, na cidade de Puerto La Cruz. As duas equipes entraram bem modificadas em campo, o México poupando titulares e o Chile com desfalques por contusão, dentre eles Valdívia. Resultado: uma partida de baixíssimo nível técnico, quase sem disputa e chances de gol. Quase, porque, na segunda etapa, as equipes até tentaram, se esforçaram para chegar ao gol do adversário. Mas esbarraram na falta de pontaria e na falta de vontade de vencer. O empate foi bom para ambos. O México garantiu a primeira posição do grupo e o Chile a terceira posição, eliminando o Equador antes mesmo do início da partida contra o Brasil. No entanto, México e Chile terão que esbanjar disposição na próxima fase. O Chile pega o Brasil novamente, torcendo para que Robinho não repita a atuação do último domingo. Já o México enfrenta o indefinido segundo colocado do grupo C. Contra quem quer que seja, Paraguai ou Argentina, a equipe de Hugo Sánchez terá que provar que pode conquistar o título inédito da Copa América, repetindo a eficiência e a competência apresentadas contra o Brasil na primeira fase.
- Falando em Brasil, a equipe de Dunga entrou em campo logo depois da partida do México, para decidir, ou melhor, confirmar a vaga para a próxima fase contra o Equador. E, para quem esperava um brasil com cara de brasil, a decepção veio logo cedo. Dunga parece ter gostado do segundo tempo da partida contra o Chile, e escalou o Brasil com a mesma formação que terminou aquela partida: Júlio Baptista como meia-direita, Josué como volante pela esquerda e Daniel Alves na lateral-direita. A escalação, logo de cara, já revela um time muito cauteloso, medroso, amarrado demais para uma seleção brasileira. Com três volantes, Josué, Mineiro e Gilberto Silva, e um quase meia Júlio Baptista, o Brasil entrou em campo para encarar o Equador, uma equipe que entrou com modificações, mas que prometia um jogo puramente defensivo. O Brasil teve o domínio da posse de bola durante boa parte do segundo tempo, mas não sabia o que fazer com ela. Com um meio-campo extremamente rígido, as únicas jogadas ofensivas eram: a infiltração de Robinho na defesa adversária, para tabelar com Vagner Love ou Baptista, passes laterais e levantamentos para a grande área, feitos da intermediária do campo de ataque. Muita mediocridade para uma seleção brasileira. Mesmo assim, a equipe de Dunga teve algumas chances na primeira etapa, em cabeçadas de Baptista e chutes de curta e média distância de Robinho e Vagner Love. Mas o Equador também deu as caras na primeira etapa. Aproveitando os erros do amarrado meio-campo brasileiro na saída de bola, a desacreditada equipe de Luis Suárez chegou por duas vezes com muito perigo ao gol de Doni. Uma com Benítez, chutando de fora da área, para a defesa de Doni. E outra com Borja, que errou alvo por pouco, depois da saída precipitada do goleiro brasileiro. O Brasil respondeu com Robinho chutando para fora, depois de uma boa tabela, Vagner Love e Baptista, que pararam no goleiro Elizaga. A seleção terminou bem a primeira etapa, dando a esperança de uma atuação mais convincente na segunda etapa. Não foi isso o que aconteceu, mas o gol enfim saiu. Robinho pedalou pra cima do zagueiro Espinoza e foi detido com falta na grande área. Como na partida contra o Chile, Robinho cobrou, abriu o placar e decidiu novamente a favor do Brasil (foto acima: AFP). Ele agora é o artilheiro isolado da competição, com 4 gols. Instantes depois do pênalti, Dunga trocou Gilberto por Kléber e Daniel Alves tomou cartão amarelo. Como estava pendurado, o lateral ficará fora das quartas-de-final. O Equador se soltou um pouco na partida, saindo um pouco da retranca e tentando ficar com a bola no ataque. Se não fosse pelo juiz, que ignorou um pênalti claro de Alex em Espinoza, os equatorianos teriam chegado ao empate. O Brasil poderia ter se aproveitado melhor do relaxamento defensivo do adversário, mas preferiu se contentar com o empate. Se Robinho tivesse jogado como no último domingo, a atuação brasileira poderia ser novamente encoberta. Mas, desta vez, tudo ficou ainda mais claro. A torcida chiou e vaiou bastante. No entanto, Dunga parece estar, se não feliz, não tão preocupado com essa seleção. A única mudança para a próxima partida contra o Chile será a entrada de Alex Silva, que entrou no jogo contra o Equador, ou até mesmo Elano, no lugar de Daniel Alves, suspenso. E o comportamento retranqueiro, que promete apenas eficiência e resultado, deve permanecer em campo.
- Para quem acha essa postura defensiva, medrosa, amarrada uma grande novidade, eu busco na memória do futebol a seleção do tetra, em 1994, da qual Dunga foi capitão, e mostro que nada disso é surpresa. Aquele time, treinado por Carlos Alberto Parreira, também jogava com um meio-campo rígido, como o da partida de ontem: Mazinho, Mauro Silva, Zinho e Dunga. Leonardo entrava algumas vezes como meia, mas a formação o meio-campo preferido de Parreira tinha três volantes. Mais semelhanças? Quem decidia para aquela seleção era um certo camisa 11, chamado Romário. Neste atual time de Dunga, Robinho, que veste a 11, tem decidido para o Brasil. Resta saber se esse grupo se mostrará tão coeso, unido e eficiente como aquele campeão do mundo há 13 anos atrás.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Paraguai e Argentina se classificam no grupo C

- Aquele que, antes do início do torneio, era considerado o grupo mais difícil, ou "grupo da morte", acabou tendo uma definição muito rápida e tranquila. A Argentina, depois da goleada sobre os americanos, venceram a Colômbia com certa facilidade por 4 a 2. O Paraguai, que também goleou na primeira rodada a Colômbia por inesperados 5 a 0, bateu os Estados Unidos por 3 a 1, com a mesma facilidade mostrada pelos americanos. Paraguaios e argentinos chegaram aos 6 pontos e garantiram a classificação para as quartas-de-final. Falta mesmo é a definição do primeiro colocado do grupo. Argentina e Paraguai medem forças em busca da liderança e os paraguaios jogam pelo empate, por possuírem melhor saldo de gols. Colômbia e Estados Unidos tentam ao menos marcar pontos na competição, já que o saldo ruim oferece chances remotas de classificação como melhor terceiro colocado. Ambos os jogos do grupo C serão realizados na quinta-feira, na cidade de Barquisimeto.

A superioridade de sempre
- A seleção paraguaia entrou em campo em busca da classificação antecipada e, jogando melhor, abriu o placar em uma bela jogada coletiva, aos 28 minutos. O atacante Cardozo tabelou com Santa Cruz e deu um belo passe para Barreto. Ele recebeu na grande área e tocou para o gol deslizando com um carrinho, abrindo o caminho para a vitória (na foto ao lado, Oscar Barreto comemora com Bonet: Reuters). Mas os paraguaios fizeram como os argentinos na primeira partida. Subestimaram o time "B" americano e acabaram sofrendo um gol. Aos 39, depois do cruzamento da intermediária, Twellman ajeitou da entrada da área, e Ricardo Clark bateu rasteiro no canto esquerdo do gol. O belo gol fez o Paraguai correr atrás do resultado na segunda etapa. Depois de um recuo mal feito pela zaga americana, Cardozo invadiu a área e tocou na saíde de Keller. O atacante, que teve uma atuação discreta contra na goleada contra a Colômbia, terminou como o nome do jogo, com uma assistência e um gol. Aliás, não terminou, pois foi substituído por Cabañas. Ele havia marcado dois na primeira rodada e entrou para ampliar o placar para o Paraguai, com uma boa cobrança de falta da entrada da área, no fim da partida. O Paraguai venceu com uma boa margem de gols as duas primeiras partidas, e joga pelo empate diante de Argentina, para terminar como líder do grupo. Na segunda fase, se continuar apresentando um futebol seguro na defesa e eficiente no ataque, pode chegar longe no torneio. A seleção americana fez o apenas o esperado de um time desfalcado. Deu algum trabalho no primeiro tempo das duas partidas que disputou, mas com um esquema que abdica do ataque e se fecha completamente no campo de defesa. Sem os principais jogadores, ficou difícil apresentar o mesmo futebol campeão da Copa Ouro.
- A Argentina entrou em campo para encarar a Colômbia bastante confiante, depois da vitória convincente sobre os americanos. Não havia jogado tão bem, mas contou com jogadas individuais decisivas. Contra os colombianos, a história não seria muito diferente. O jogo começou com certo equilíbrio, mas, evidentemente, a Argentina atacava com mais inteligência e pertinência. Logo aos 5, Crespo cabeceou forte, a bola explodiu no travessão, mas não chegou a cruzar totalmente a linha de fundo. A Colômbia respondeu e abriu o placar. Depois da falta rasteira batida do lado direito, Ferreira chutou de primeira. O chute não saiu violento, mas com força suficiente para chegar à pequena área e ser desviado por Perea. A Argentina voltou a comandar a partida e conseguiu empatar aos 19 minutos. Messi invadiu a grande área e foi derrubado com falta pela marcação adversária. Crespo cobrou forte no meio do gol e igualou o placar. Tão forte que sentiu uma distensão muscular na perna direita e teve que ser substituído por Diego Milito. A virada argentina veio com Riquelme, aproveitando cruzamento de Zanetti, aos 33 minutos. No fim da primeira etapa, o mesmo Riquelme ainda ampliou com uma bela cobrança de falta (na foto abaixo, ele bate na bola com força e precisão: AP). A Colômbia tinha uma preocupação extrema em marcar o time argentino e não conseguia atacar com o ímpeto que gostaria. Já a Argentina tinha certa facilidade em trabalhar a bola no meio-campo e saía sempre com tranquilidade para o campo de ataque, com a boa participação de Verón. Aos 12, Milito desperdiçou uma grande chance de ampliar, chutando em cima do goleiro. Depois disso, o ritmo da partida caiu, muito pela morosidade da Argentina. Se chegasse ao placar de 5 a 1, jogaria pelo empate contra o Paraguai. Porém a Argentina não procurou atacar com mais profundidade, abafar a Colômbia e marcar mais gols. E pagou o preço por isso. O treinador colombiano Jorge Luis Pinto modificou bem a sua equipe, colocando Castrillon para abrir o meio-campo e deixar a Colômbia com mais força ofensiva. A modificação trouxe efeitos quase que imediatos e a Colômbia chegou ao segundo gol. Aos 28, depois do escanteio do lado esquerdo, Castrillon subiu mais que a zaga argentina e diminuiu o placar. O gol mudou o panorama da partida e fez com que a Colômbia chegasse ao gol adversário com mais frequência. Aos 33, Castrillon recebeu um ótimo lançamento de Torres, que também entrou para ajudar o ataque, e cabeceou livre para o gol, mas Abbondanzieri defendeu com segurança. A Colômbia chegou novamente com muito perigo aos 39. Arilaza viu o goleiro argentino adiantado e chutou do meio-campo. Mas o "quase-belo" gol foi evitado pelo travessão. A Colômbia mostrou nervosismo no final e ainda teve um jogador expulso. A Argentina aproveitou e marcou o quarto aos 46 minutos. Milito aproveitou o passe de Tévez e pegou de primeira. A bola ainda desviou no zagueiro Córdoba antes de encobrir o goleiro Calero. Os argentinos não mostraram um futebol brilhante na primeira fase, porém esbanjaram eficiência no ataque. Eficiência que faltou na defesa, que se coloca muito mal em jogadas aéreas e bolas paradas. Diziam que a Argentina faria uma campanha espetacular, até pelo elenco que levou para a Venezuela. Mas a equipe, mesmo vencendo bem as duas primeiras partidas, ainda precisa de muitos reparos. O esquema depende muito da organização e do comportamento de Riquelme no meio-campo e precisa usar melhor as laterais, especialmente o lado direito. O setor que parecia estar perfeito era o ataque. Mas a contusão de Crespo pode tirá-lo do torneio e desfalcar o ataque. O atacante chegou ontem aos 35 gols com a camisa alviceleste, deixando Diego Maradona para trás na lista de goleadores. O substituto para a posição é Diego Milito, que não entrou bem na partida de ontem. Ele possui recursos físicos e técnicos para mostrar a mesma competência que Crespo, porém precisa de entrosamento com o meio-campo. Quem também pode jogar melhor é Messi. Ele tem se mostrado muito preso no lado direito e não tem conseguido dar a Argentina a mesma qualidade ofensiva. Da Colômbia era esperado um futebol vistoso, de velocidade e muita marcação. Marcação ela teve, mas acompanhada de muita violência. Já o futebol ficou devendo.